terça-feira, 29 de abril de 2014

Matutando sobre dinheiro e pensando no desgoverno de nossa Pátria

Dinheiro – a base da fortuna ou da desgraça – a civilização e o Brasil
Afinal o que é dinheiro? O que significa? Ouro? Moedas? Títulos? Propriedades? Poder?
Podemos imaginar alguém caindo de paraquedas no meio do maior deserto do mundo sobre uma montanha de moedas, peças de ouro, diamantes, ao lado de lagos de petróleo, podendo se apropriar de toda a terra em volta, e não ter ali água, sombra, proteção de uma casa, alimentos, remédios essenciais etc.?
O que essa pessoa faria para ter alguns dias mais de vida se pudesse trocar as “riquezas” que descobriu pelo que precisa? Mais ainda, de carinho, amor, pessoas queridas junto para alegria de todos?
Precisamos entender o que significa dinheiro para chegar aos problemas brasileiros...
O dinheiro (1) surgiu ao longo da história da Humanidade para servir de instrumento de troca e guarda de valores que permitissem a seus usuários ter o que precisassem para sobreviver, viver, e melhorar de vida. É, contudo, um simples instrumento de troca de trabalho e de coisas e valores de tudo o que nos interessa.
Por mais ricos que todos sejam, entretanto (acumulando moedas e similares), o dinheiro e todas as riquezas do mundo talvez não sejam suficientes para tornar as pessoas felizes e a aparentemente mais miserável delas talvez viva muito alegre e satisfeita com o mínimo que puder arranjar para sobreviver.
A felicidade é algo subjetivo, cultural, interno às pessoas e é um erro monumental esquecer isso que talvez venha a fazer mais falta que todos os valores que o ser humano puder conquistar.
Seja como for o dinheiro é essencial à nossa sociedade mais e mais populosa.
Talvez tenha sido a invenção mais importante da história da humanidade, pois seria impossível pensar em outra forma de troca de produtos (e sobrevivência) em escala planetária. Até países que ideologicamente renegaram o conceito de dinheiro e capital acabaram por produzi-los discretamente, exceto em sociedades absolutamente fechadas, sem liberdade, muitas delas monásticas, castradas de tudo, inclusive do direito de ter filhos e filhas.
O formato do dinheiro e a sua matéria prima sofreram transformações ao longo da história chegando aos tempos atuais quando cartões de crédito são autênticos produtores de moeda a ponto de na Colômbia, por exemplo, termos sentido restrições ao uso deles em viagem há poucos anos, a explicação: geram inflação e o Governo inibe seu uso.
A má produção de moedas e sua criação com excesso de facilidades realmente servem para desvalorizar seus significados. Acima de tudo a moeda precisa ter valor fiduciário[1] (2), conversibilidade em alguma referência[2] ou natural, por exemplo, a troca e acumulação de animais e terras que o proprietário depois usará para comprar o que realmente lhe interessa.
A descoberta de jazidas gigantescas de ouro e prata fez da Espanha e Portugal países com governantes despreocupados com certas obrigações, assim como o Petróleo poderá ser a ruína de países exportadores desse insumo para combustíveis e a petroquímica.
Note-se ao longo da História da Humanidade a ascensão e a queda de nações que enriqueceram e depois empobreceram em rotas comerciais ou poderes construídos sobre o valor de poucos produtos. O Brasil coleciona exemplos clássicos e de triste memória em torno da monocultura e até da exploração mineral em algumas regiões.
Argentina e Uruguai ganharam fortunas com a produção de carne, esqueceram que bois e plantações têm limites. Desperdiçaram riquezas monumentais.
A Educação para o trabalho, a produção intelectual e industrial, qualidades de organização e disciplina têm demonstrado a excelência de valores capazes de enfrentar e reerguer nações...
Mais ainda, é essencial educar para o trabalho e gerenciamento severo de recursos pessoais e familiares. A nação é o coletivo de seus indivíduos e nada melhor que indicadores de sucesso (ou não) para demonstrar se nossas estratégias educacionais estão certas ou erradas.
Vivemos num país incrivelmente rico, e grande parte de nossa população sobrevive mal e porcamente em função de interesses e conveniência mórbidas de corporações e oligarquias[3] insaciáveis.
Até na “produção” de dinheiro temos critérios simplórios.
Imagina-se que países soberanos emitam dinheiro de acordo com suas possibilidades, algo, contudo, que o Brasil perdeu por força de decisões constitucionais estranhas, viabilizando uma tremenda fonte de recursos para grandes bancos, depositários de títulos e riquezas da nação que assim usam e lucram conforme suas vontades [ (3), (4)]. Ou teremos perdido nossa soberania quando pedimos empréstimos para enfrentar convulsões internas e externas?
Sejam quais forem as estratégias um país de dimensões continentais e excessivamente centralizador precisa de extrema competência no gerenciamento de seus recursos fiscais e capacidade de produção de riquezas. Por aí nossa história é extremamente infeliz e, com certeza, uma das principais razões está na contracultura que repele o trabalho produtivo e inovador, a falta de uma estratégia eficaz de distribuição de impostos e responsabilidades e a desonestidade que tem nessas condições todas as oportunidades possíveis.
Ficamos perplexos analisando o ziguezague ideológico e estratégico (existe uma estratégia de desenvolvimento do país ou de enriquecimento de empreiteiras, empresários oportunistas, bancos e especuladores?) de nossos governantes que, com raras exceções desperdiçam montanhas de dinheiro do contribuinte a favor de prioridades políticas da pior espécie.
Com certeza muitos temem e se assustam com as redes sociais, filmes e até viagens ao exterior. Principalmente nossos jovens devem estar percebendo que muitas de suas desesperanças são o resultado de maus governos. O que aconteceu em junho de 2013 assustou e levou nossas elites estatais e privadas a se articularem de modo a desmoralizar a revolta popular.
Para sorte dessa gente existe a Copa do Mundo para distrair todo mundo; não contavam, entretanto, com o castigo divino que pode rebentar com a imagem de muita gente. A estiagem em São Paulo e sul de Minas Gerais tem um tremendo potencial de perturbação e de conscientização da população, afinal, o que levou o Brasil a esta situação?
Cascaes
29.4.2014
1. Dinheiro. Wikipédia. [Online] http://pt.wikipedia.org/wiki/Dinheiro.
2. Moeda Fiduciária. Mundo dos Bancos. [Online] http://www.mundodosbancos.com/moeda-fiduciaria/.
3. Benayon, Adriano. As Fontes da Dívida brasileira. Engenharia - Economia - Educação e Brasil . [Online] 5 de 12 de 2013. http://economia-engenharia-e-brasil.blogspot.com.br/2013/12/as-fontes-da-divida.html.
4. —. Finanças e (sub)desenvolvimento. Engenharia - Economia - Educação e Brasil . [Online] 15 de 4 de 2014. http://economia-engenharia-e-brasil.blogspot.com.br/2014/04/financas-e-subdesenvolvimento.html.








[1] Moeda Fiduciária é qualquer título não-conversível, ou seja, não é lastreado a nenhum metal (ouro, prata) e não tem nenhum valor intrínseco. Seu valor advém da confiança (fidúcia, do latim fidere = confiar) que as pessoas têm de quem emitiu o título. A moeda fiduciária pode ser uma ordem de pagamento (cheques, por exemplo), títulos de crédito, notas promissórias, entre outros. Mundo dos Bancos - http://www.mundodosbancos.com/moeda-fiduciaria/
[2] O padrão-ouro não foi pré-projetado, mas sim surgiu a partir de uma aceitação geral da utilidade do ouro como uma moeda universal. Quando as mercadorias competem pelo papel da moeda, aquela que com o passar do tempo perde o menor valor toma o papel. O uso do ouro como dinheiro data de centenas de anos sendo que as primeiras moedas de ouro conhecidas foram cunhadas na cidade-estado grega de Lídia, na Ásia Menor, por volta de 610 a.C. Sabe-se que as primeiras moedas cunhadas na China datam de 600 a.C.4 Durante aIdade Média, a moeda de ouro Soldo do Império Bizantino, também conhecida como Bezante, circulou pela Europa e Mediterrâneo. Mas assim que a influência econômica do Império Bizantino declinou, o mundo europeu tendeu a considerar a prata, ao invés do ouro, como a moeda de escolha, levando ao desenvolvimento de um padrão-prataPennies de prata, baseado no Denário romano, tornou-se a moeda básica da Grã-Bretanha por volta da época do Rei Offa, 796 d.C., e moedas semelhantes, incluindo o denari italiano, o denier francês, e o dinero espanhol circularam pela Europa. Depois da descoberta espanhola de grandes depósitos de prata em Potosí e no México durante o século XVI, o comércio internacional passou a depender de moedas como o dólar espanhol, o taleiro de Maria Theresa, e, na década de 1870, o dólar de comércio dos Estados Unidos.
Nos tempos modernos, as Índias Ocidentais Britânicas foram uma das primeiras regiões a adotar o padrão-ouro. Depois da proclamação da Rainha Ana em 1704, o padrão-ouro das Índias Ocidentais Britânicas era um padrão-ouro de facto com base na moeda de ouro espanhola dobrão. No ano de 1717, o mestre da Casa da Moeda Real, Sir Isaac Newton, estabeleceu uma nova razão de cunhagem entre a prata e ouro que teve efeito na retirada da prata de circulação e a inclusão da Grã-Bretanha no padrão-ouro. No entanto, apenas em 1821, depois da introdução da soberania do ouro pela nova Casa da Moeda Real em Tower Hill no ano de 1816, o Reino Unido foi colocado formalmente no padrão-ouro, a primeira das grandes potências industriais. Logo seguiram o Canadá em 1853, Newfoundland em 1865, e os Estados Unidos e Alemanha de jure em 1873. Os Estados Unidos usaram a Águia como sua unidade, e a Alemanha introduziu marco de ouro, enquanto o Canadá adotou um sistema dual baseado tanto na Águia de ouro estadosunidense quanto na Soberania de ouro britânica.
Austrália e a Nova Zelândia adotaram o padrão-ouro britânico, assim como as Índias Ocidentais Britânicas, enquanto Newfoundland era o único território do Império Britânico a introduzir sua própria moeda de ouro como padrão. Sucursais da Casa da Moeda Real foram estabelecidas em SydneyNova Gales do SulMelbourneVitória e PerthAustrália Ocidental com o objetivo de cunhar soberanos de ouro a partir dos ricos depósitos de ouro da Austrália.
A crise da moeda de prata e das cédulas (1750-1870)[editar | editar código-fonte]
No final do século XVII, guerras e o comércio com a China, que vendeu à Europa mas teve pouco uso para os bens europeus, drenaram a prata das economias da Europa Ocidental e dos Estados Unidos. As moedas foram cunhadas em números cada vez menores, e havia uma proliferação de notas de bancos e ações usadas como dinheiro.
Na década de 1790, a Inglaterra, que sofria uma grande escassez de moedas de prata, cessou a cunhagem das moedas de prata maiores, emitiu moedas de prata em "fichas" e prensou moedas estrangeiras. Com o fim das guerras napoleônicas, a Inglaterra começou um programa massivo de recunhagem que criou soberanos de ouro, coroas e meias-coroas, e eventualmente pences de cobre em 1821. A recunhagem de prata na Inglaterra após uma grande seca produziu uma explosão de moedas: a Inglaterra atingiu cerca de 40 milhões de shillings entre 1816 e 1820, 17 milhões de meias-coroas e 1,3 milhões de coroas de prata. A Lei de 1819 para a retomada dos pagamentos em numerário definiu 1823 como a data para a retomada da conversibilidade, mas alcançada já em 1821. Por toda a década de 1820, pequenas notas eram emitidas pelos bancos regionais, que foram finalmente restritos em 1826, enquanto foi permitida ao Banco da Inglaterra a criação de sucursais regionais. Em 1833, no entanto, as notas do Banco da Inglaterra ganharam força legal, e a retomada pelos outros bancos foi desencorajada. Em 1844, o Bank Charter Act estabeleceu que as notas do Banco da Inglaterra, completamente vinculadas ao ouro, eram de cunho legal. De acordo com a interpretação estrita do padrão-ouro, essa lei de 1844 marca o estabelecimento de um padrão-ouro completo para o dinheiro britânico.
Os Estados Unidos adotaram um padrão-prata baseado no dólar fresado espanhol em 1785. Isto foi codificado na Lei da Casa da Moeda e Cunhagem, e pelo uso por parte do Governo Federal do "Banco dos Estados Unidos" para guardar suas reservas, bem como estabelecendo uma razão fixa de ouro em relação ao dólar americano. Iso era, na verdade, um padrão-prata derivado, visto que não se exigia que o banco mantivesse uma relação da prata com a moeda emitida. Começou uma longa série de tentativas nos Estados Unidos para criar um padrão bimetálico para o dólar americano, que continuaria até a década de 1920. As moedas de ouro e prata tinham cunho legal, incluindo o real espanhol, uma moeda de prata cunhada no hemisfério ocidental. Devido à grande dívida tomada pelo Governo Federal estadosunidense para financiar a Guerra Revolucionária, moedas de prata cunhadas pelo governo deixaram de circular, e em 1806 o Presidente Jefferson suspendeu a produção de moedas de prata.
O Tesouro dos Estados Unidos foi colocado em rígido padrão de dinheiro, fazendo negócios apenas em moedas de ouro e prata como parte do Independent Treasury Act de 1848, que legalmente separou as contas do Governo Federal do sistema bancário. Entretanto, as taxas fixas do ouro e da prata sobrevalorizaram a prata em relação à demanda por ouro no comércio e empréstimos com a Inglaterra. A fuga do ouro em favor da prata levou à procura do ouro, incluindo a Corrida do Ouro da Califórnia de 1849. Seguindo a Lei de Gresham, a prata se multiplicou nos Estados Unidos, que comerciava com outros países que usavam a prata, enquanto o ouro se tornou escasso. Em 1853, os EUA reduziram o peso das moedas de prata para mantê-las em circulação, e em 1857 removeram a condição de cunho legal da cunhagem estrangeira.
Em 1857, a crise final da era dos bancos livres das finanças internacionais começou, com os bancos norte-americanos suspendendo o pagamento em prata, repercutindo no jovem sistema financeiro internacional dos bancos centrais. Nos Estados Unidos, esse colapso foi um fato que contribuiu para a Guerra Civil Americana, e em 1861 o governo dos EUA suspendeu o pagamento em ouro e prata, terminando de fato com as tentativas de formar um padrão-prata para o dólar. Durante o período 1860-1871, várias tentativas de ressucitar os padrões bimetálicos foram feitas, incluindo uma baseada no franco de ouro e prata. No entanto, com o rápido influxo de prata dos novos depósitos descobertos, a expectativa de escassez da prata acabou.
A interação entre os bancos centrais e a moeda base formou a fonte primária da instabilidade monetária durante este período. A combinação que produziu estabilidade econômica foi uma restrição da oferta de novas notas, um monopólio do governo na emissão de notas diretamente, e indiretamente, um banco central e uma unidade única de valor. Tentativas de evitar essas condições produziram crises monetárias periódicas: com as notas desvalorizando, ou a prata parando de circular como uma reserva de valor, ou havendo uma depressão com os governos demandando espécies como pagamento, diminuindo o meio circulante na economia. Na mesma época, havia uma necessidade dramaticamente expandida por crédito, sendo que os grandes bancos estavam sendo fretados em vários estados, incluindo, em 1872, o Japão. A necessidade de uma base sólida em assuntos monetários produziria uma rápida aceitação do padrão-ouro no período que se seguiu.
A título de exemplo, e seguindo a decisão da Alemanha após a Guerra franco-prussiana de exigir reparações para facilitar um movimento para o padrão-ouro, o Japão obteve as reservas necessárias após a Guerra Sino-Japonesade 1894-1895. É debatido se o padrão-ouro fornecia a um governo autenticidade suficiente quando ele buscava pegar empréstimos no exterior. Para o Japão, mudar para o ouro era considerado vital para ganhar acesso aos mercados de capital do Ocidente.

[3] Na ciência políticaoligarquia ("oligarkhía" do grego ολιγαρχία, literalmente, "governo de poucos") é a forma de governo em que o poder político está concentrado num pequeno número pertencente a uma mesma família, um mesmo partido político ou grupo económico ou corporação.
A oligarquia é caracterizada por pequeno grupo de interesse ou lobby que controla as políticas sociais e económicas em benefício de interesses próprios.
O termo é também aplicado a grupos sociais que monopolizam o mercado económicopolítico e cultural de um país, mesmo sendo a democracia o sistema político vigente. Wikipédia

domingo, 27 de abril de 2014

Governo estuda ressuscitar Telebrás - Opinião e Notícia

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“O Brasil como polo internacional de Pesquisa e Desenvolvimento”

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Principal motivo de atraso de obras no país é falta de gestão, planejamento e pessoal, diz presidente do TCU | Agência Brasil

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História, Cultura, Comunicação: Atraso brasileiro

História, Cultura, Comunicação: Atraso brasileiro: Indústria automobilística - com o apoio de sindicatos de trabalhadores do setor - quer dinheiro do FAT para compensar lucros e perda de co...

Desenvolvimento aleatório e Brasil confuso


O Brasil aproveitou muito mal alguns anos de bonança recentes; perdeu oportunidades incríveis e abraçou projetos e figurinos que lhe eram hostis. A marola criada por gangsteres do mercado financeiro[1]penalizou o mundo sem exércitos (1) e por aqui outros usaram e abusaram da ingenuidade de nossos gestores sociais e econômicos (2). Quando da crise de 2007 muitas empresas no Brasil revelaram esquemas malditos contra o nosso povo, foram salvas? O resultado é assustador, estamos em situação delicadíssima no Setor Elétrico (apesar de obras gigantescas em andamento (1)); grandes portos, refinarias, aeroportos, etc. serão inaugurados nos próximos cinco anos (2), talvez projetos com custos desnecessários (fruto de modelos mercantilistas radicais com afetação política da pior espécie e talvez com os adicionais clássicos da corrupção), mas estruturais, decisivos ao nosso desenvolvimento [ (1), (2), (3)].
O Brasil passivamente aceita um padrão de moedas suspeito e extremamente perigoso e grandes empresas têm se aproveitado desta fragilidade, algo que ficou evidente nas franjas das marolas [(8), (9), (10)]. Por bem ou por mal assinou o Acordo de Basileia, mostrando a outros países como se comportava um gigante com medo e servil (11), ou seja, par e passo fazemos a festa de gente distante de nosso povo.
Vemos, além disso, a irresponsabilidade operacional (6) tendo como exemplo maior a promoção do consumo de energia quando deveríamos ser cautelosos e vendo uma cidade gigantesca à beira de um pesadelo por imprevidência, vai faltar água na capital paulista além de energia elétrica?
E a violência? A Saúde? A educação? O problema não é apenas no plano federal, na capital do Paraná, outrora motivo de orgulho dos curitibanos, mostra-se incrivelmente atrapalhada em seus projetos (6).
O atual Governo Federal iniciou seu mandato prometendo competência gerencial, mas  convergiu para a pior politicagem criando um bando de ministros até hilários chegando perto do número temido de quarenta guerreiros da incompetência, com raras e belas exceções (quais?).
No ziguezague ideológico e estratégico (se isso foi estratégia) agora voltamos ao colo dos banqueiros. O Governo Federal de plantão deveria ter usado seu poder para corrigir erros históricos e até constitucionais, preferiu acreditar nos votos dos analfabetos funcionais para se manter no Poder, para quê (7)?
O Brasil é um país que enfrenta uma sina tenebrosa desde a sua independência. Quiseram fazer de nós o que promoveram na Ásia e África, optaram por lá, mas introduziram aqui o que lhes interessava, as lógicas do mercantilismo selvagem e a submissão a banqueiros internacionais, após dívidas geradas em uma guerra contra o Paraguai, revoluções, levantes, quarteladas etc. Teorias ideológicas e corporativismo radical fizeram do Brasil um país sobrevivente por milagre (9). Esse país extremamente rico por natureza também viu suas elites escravagistas desprezarem o povo formado nessas terras, a maior parte com a vinda forçada de escravos. Não queriam a evolução da mão de obra barata (8).
Tivemos exceções e ficamos felizes de dizer que vimos muitas escolas apareceram em nossa cidade, com muito orgulho, afinal Blumenau nasceu e cresceu graças ao trabalho de seus pioneiros e descendentes. Comparando Santa Catarina com o resto do Brasil podemos avaliar o estrago que uma cultura preguiçosa gerou em nossa terra.
Felizmente o Brasil poderá melhorar muito, e muito mesmo.
Graças às redes sociais, acima de tudo, a censura e promoção de propostas impostas perde força. Nossos jovens não são tão alienados quanto querem que sejam. Viverão mais, sofrerão muito ainda com os desmandos de nossos líderes e de outros chefes empresariais, financeiros etc.; a inteligência da nossa garotada está sendo turbinada, apesar de uma legião de promotores do atraso intelectual.
O turismo em direção a outros países deve estar criando comparações nas cabeças mais lúcidas. É um fato novo que terá consequências.
O Brasil está prestes a mudar muito até por efeito da Copa do Mundo. A polêmica em torno da Fifa é didática. As obras externas às arenas eram necessárias, e a corrupção poderá ser justiçada. A anarquia técnica e o mau gerenciamento de obras, lamentavelmente, são fatos decorrentes de leis mal feitas e equipes despreparadas. Os contrastes poderão ser motivo de patriotadas dos gringos, mas nós certamente não nos sentiremos felizes em mostrar esse Brasil miserável que ainda existe.
Com certeza adiante alguma atitude maior será necessária, pois assim como os brasileiros preocupados com o futuro de sua Pátria sonham com um mundo melhor aqui os bandidos com todo tipo de figurino também evoluem aproveitando instituições desenvolvidas a seu favor. De alguma forma algo mais enérgico deverá acontecer, junho de 2013 foi um sinal de vida que não poderá desaparecer e tudo indica existir vigor latente entre os jovens mais lúcidos.
O ser humano é frágil e nada melhor do que ler e ouvir (agora via youtube encontramos lições fantásticas e filmes técnicos estão sendo produzidos) as últimas gerações de grandes filósofos, sociólogos e historiadores, principalmente[ (9), (10), (11), (12), (13), (14), (15), (16), (17), (18), (19), (20), (21), (22), (23) etc.]. À medida que debatem o ser humano e a preocupação com a vida terrena sentimos que temos um tremendo potencial para o bem ou para o mal, seja lá o que isso for.
Estamos num corredor polonês[2] em relação às próximas eleições. Habilmente os partidos políticos manobraram espertamente para que nada mudasse e os maiores níveis do Poder Judiciário prendem-se ao formalismo para proteger o que existe de pior e em condições de pagar boas bancas de advogados. Infelizmente os “Supremos” e alguns tribunais são formados por alianças entre o Poder Executivo e o Legislativo, desprezando o Poder Judiciário... Falamos muito da mercantilização de outras profissões, nada pior, contudo, do que sentir que a Justiça é sensível ao poder. O formalismo jurídico é um sinal de preguiça mental ou de outras vontades, talvez impublicáveis. Novidade? De modo algum e vale a leitura e estudo das obras de Michel Foucault e seus analistas para entender que as verdades são o produto do poder. O povo não atingiu em nenhum lugar do mundo, ou melhor, o ser humano, o nível de racionalidade necessário e suficiente para a solução de problemas clássicos tais como o nacionalismo radical, a xenofobia, o racismo, o fundamentalismo religioso, a elitização da sociedade, a defesa enérgica dos poderosos, as certezas absolutas, o poder político excessivo e até (pasmem!) o fanatismo esportivo.
É bom lembrar que toda a cultura humana foi construída com pessoas que viveram pouco e se alguns pensadores atingiram a longevidade seus alunos de modo geral não, ao contrário, acabaram se transformando em profissionais de ideias que não entendiam plenamente, mas eram extremamente convenientes a seus poderes. Nossos filhos, netos, bisnetos etc. poderão viver muito. Começam a vida em festas, baladas, “curtições”, afinal estão entupidos de hormônios, mas se viverem o tempo que a Ciência diz que terão com vitalidade cansarão das futilidades e poderão pensar mais, produzindo soluções para uma vida melhor.
A Humanidade precisa demais da boa Engenharia, Medicina, Urbanismo, Sociologia, Filosofia, Pedagogia, Juristas, etc. e de bons planejadores e de gente que tenha mais atenção com o seu povo do que com o tempo de mídia e da formação de bases e riquezas podres.
O ser humano é o que é e é muito importante aprender a ser feliz. A alegria de viver é importantíssima [ (24) e (25)]. O orgulho de ser especial, contudo, cria uma satisfação diferente, não artificial. É difícil de explicar, mas o homem ou a mulher medíocre sofre de tristezas crônicas ou, como acontece na Natureza, vive por viver, talvez causando invejas naqueles que não conseguem ser tão alegres com tantas besteiras.
O egoísmo, contudo, cobra um preço elevadíssimo quando a vida chega ao final. Aí normalmente falta tempo para rezar e pagar tantas penitências, a consciência aflora numa contabilidade cruel.
E o Brasil?
Com certeza precisamos mudar muito. Talvez os grandes partidos sofram revezes educativos. Lideranças tranquilas poderão acordar sem votos. Essa é a vingança que podemos exercer ao final deste ano que promete situações extremas até seu final, boas ou más, tudo dependerá de São Pedro e de nossa seleção de futebol.
Em tempo, a leitura do artigo (26) “De dia vai faltar água, de noite vai faltar luz” é imperdível.


Cascaes
27.4.2014

1. Ferguson, Charles. Trabalho Interno. Livros e Filmes Especiais. [Online] 2010. http://livros-e-filmes-especiais.blogspot.com.br/2012/01/trabalho-interno.html.
2. VINICIUS SASSINE, DANILO FARIELLO. TCU vê indício de perdas para BNDES com Eike. O Globo Economia. [Online] 30 de 11 de 2013. http://oglobo.globo.com/economia/tcu-ve-indicio-de-perdas-para-bndes-com-eike-10930118.
3. Um momento de revolta contra a irresponsabilidade de quem manda no Setor Elétrico . A formação do Engenheiro e ser Engenheiro. [Online] 26 de 4 de 2014. http://aprender-e-ser-engenheiro.blogspot.com.br/2014/04/um-momento-de-revolta-contra.html.
4. O Grande Brasil que teremos em breve. Quixotando. [Online] 4 de 2014. http://www.joaocarloscascaes.com/2014/04/o-grande-brasil-que-teremos-em-breve.html.
5. Benayon, Adriano. As Fontes da Dívida brasileira. Engenharia - Economia - Educação e Brasil . [Online] 5 de 12 de 2013. http://economia-engenharia-e-brasil.blogspot.com.br/2013/12/as-fontes-da-divida.html.
6. —. Finanças e (sub)desenvolvimento. Engenharia - Economia - Educação e Brasil . [Online] 15 de 4 de 2014. http://economia-engenharia-e-brasil.blogspot.com.br/2014/04/financas-e-subdesenvolvimento.html.
7. —. O estratégico nióbio e a política suspeita via Lei Kandir e preços duvidosos de contabilização - a desnacionalização do Brasil. Engenharia - Economia - Educação e Brasil . [Online] 11 de 2013. http://economia-engenharia-e-brasil.blogspot.com.br/2013/11/o-estrategico-niobio-e-politica.html.
8. rossi, Pedro. O MERCADO INTERNACIONAL DE MOEDAS, O CARRY TRADE E AS TAXAS DE CÂMBIO. Observatório da Economia Global. [Online] Unicamp, 10 de 2010. http://www.iececon.net/arquivos/O_mercado_internacional_de_moedas.pdf.
9. Rossi, Pedro. Krugman e os impactos da política monetária americana no Brasil. Jornal do Brasil. [Online] 27 de 4 de 2014. http://www.jb.com.br/pedro-rossi/noticias/2014/03/21/krugman-e-os-impactos-da-politica-monetaria-americana-no-brasil/.
10. DERIVATIVOS E GOVERNANÇA CORPORATIVA - O CASO SADIA – CORRIGINDO O QUE NÃO FUNCIONOU. PUC. [Online] 7 de 8 de 2009. http://www.economia.puc-rio.br/mgarcia/Seminario/textos_preliminares/101705%20Derivativos%20e%20Governan%C3%A7a%20Corporativa.pdf.
11. O Acordo da Basileia. Banco Central do Brasil. [Online] http://www.bcb.gov.br/?BASILEIA.
12. Ilumina - Instituto de Desenvolvimento Estratégico do Setor Elétrico. [Online] http://www.ilumina.org.br/.
13. Anarquia técnica - oportunismo politiqueiro - gerenciamento de obras e cidades - Curitiba - Viaduto Estaiado - Brasil. A formação do Engenheiro e ser Engenheiro. [Online] 4 de 2014. http://aprender-e-ser-engenheiro.blogspot.com.br/2014/04/anarquia-tecnica-oportunismo.html.
14. Custo da Educação - Sen. Cristovam Buarque - sugestões - falta querer - metas - Lula e ironia - o ganho com a alfabetização - o faz de conta - reforma radical - o vício do petróleo. Mirante da Educação. [Online] http://mirante-da-educacao.blogspot.com.br/2014/04/custo-da-educacao-sen-cristovam-buarque_25.html.
15. Gomes, Laurentino. 1889. Livros e Filmes Especiais. [Online] 2013. http://livros-e-filmes-especiais.blogspot.com.br/2013/11/1889.html.
16. Cascaes, João Carlos. Livros e Filmes Especiais. [Online] http://livros-e-filmes-especiais.blogspot.com.br/.
17. Foucault, Michel. A Arqueologia do Saber. Rio de Janeiro : Editora Forense Universitária Ltda., 2010. p. 38. ISBN 978-85-218-0344-7.
18. —. Vigiar e Punir. s.l. : Vozes.
19. [org.], Frédéric Gros. Foucault - a coragem da verdade. [trad.] Marcos Marcionilo. s.l. : Parábola Editorial. ISBN 85-88456-25-7.
20. Candiotto, Cesar. Foucault e a crítica da verdade. Curitiba : Champagnat, 2010. p. 66.
21. Bertrand Russell, Paul Lafargue. A Economia do Ócio. s.l. : Sextante. Domenico De Masi - Organização e Introdução.
22. Russell, Bertrand. Principles of Social Reconstruction. US Cluster. [Online] George Allen & Unwin Ltd. http://ia600201.us.archive.org/17/items/principlesofsoci00russiala/principlesofsoci00russiala.pdf.
23. Hobsbawm, Eric. A Era das Revoluções 1789-1848. [trad.] Marcosd Penchel Maria Tereza Lopes Teixeira. Rio de Janeiro : Paz e Terra, 2004.
24. —. A Era do Capital 1848 - 1875. [trad.] Luciano Costa Neto. São Paulo : Paz e Terra, 2007.
25. —. Globalização, democracia e terrorismo. [trad.] José Viegas. s.l. : Companhia das Letras, 2007.
26. Arendt, Hannah. EICHMANN EM JERUSALÉM . s.l. : Companhia das Letras.
27. —. Entre o Passado e o Futuro. s.l. : Perspectiva, 2011.
28. —. Sobre a Revolução. [trad.] Denise Bottmann. s.l. : Companhia das Letras.
29. Spinoza, Baruch de. Ética - Demonstrada à Maneira dos Geômetras. s.l. : Martin Claret.
30. Yalon, Irvin D. O Enigma de Espinosa. [trad.] Maria Helena Rouanet. Rio de Janeiro : AGIR, 2013.
31. Nietzsche, Friedrich. Humano, Demasiado Humano. [trad.] Antonio Carlos Braga. 2. s.l. : escala.
32. Luc Ferry. Wikipédia. [Online] [Citado em: 10 de 6 de 2012.] http://pt.wikipedia.org/wiki/Luc_Ferry.
33. Ferry, Luc. Aprender a Viver - Filosofia para os novos tempos. [trad.] Vera Lúcia dos Reis. Rio de Janeiro : Objetiva, 2006. Tradução de: Apprendre à vivre - Traité de Philosophie à l'usage des jeunes générations. ISBN 978-85-390-0105-7.
34. Nêumanne, José. De dia vai faltar água, de noite vai faltar luz. Estadão/Opinião. [Online] 9 de 4 de 2014. http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,de-dia-vai-faltar-agua-de-noite-vai-faltar-luz,1151264,0.htm.
35. Hobsbawm, Eric. Era dos Extremos. [trad.] Maria Célia Paoli Marcos Santarrita. s.l. : Companhia das Letras, 1998.
36. Baruch de Espinoza. Wikipédia. [Online] http://pt.wikipedia.org/wiki/Baruch_Espinoza.
37. Rossi, Pedro. O MERCADO INTERNACIONAL DE MOEDAS, O CARRY TRADE E AS TAXAS DE CÂMBIO. [Online] UNICAMP / INSTITUTO DE ECONOMIA, 10 de 2010. http://www.iececon.net/arquivos/O_mercado_internacional_de_moedas.pdf.




[1] Merece ser visto - Trabalho interno é um documentário de 2010 acerca da crise financeira global de 2007-2012 dirigida por Charles H. Ferguson. O filme é descrito por Ferguson como sendo sobre "a corrupção sistêmica dos Estados Unidos pela indústria de serviços financeiros e as consequências da corrupção sistêmica."
Em cinco partes, o filme explora como as mudanças no ambiente político e as práticas bancárias ajudaram a criar a crise financeira. Trabalho Interno foi então bem recebido pela crítica que louvou seu ritmo, pesquisa e exposição de material complexo.
Foi exibido no Festival de Cannes de 2010 em maio e ganhou o Oscar de melhor documentário de 2011. Contou com entrevistas de George SorosBarney FrankLee Hsien Loong,Christine LagardeEliot SpitzerDominique Strauss-Kahn, entre outros. Wikipédia

[2] Expressão popular – fonte Wikipédia - Corredor polonês é o nome popular dado a uma passagem estreita formada por duas fileiras de pessoas alinhadas lado a lado, todas voltadas para o centro. O objetivo é maltratar, seja com pancadas ou com o uso de porretes ou arma branca, quem é forçado cruzar a passagem, como forma de represália a alguém que se posiciona contrário a certo ideal ou pessoa.

segunda-feira, 21 de abril de 2014

Finanças e (sub)desenvolvimento



De: Adriano Benayon
Enviada em: segunda-feira, 21 de abril de 2014 13:02
Para: '
Assunto: artigo: Finanças e (sub)desenvolvimento

Com cumprimentos, segue artigo.

AB

Finanças e (sub)desenvolvimento

Adriano Benayon *  15.04.2014

Cidadãos saqueados

1.A oligarquia financeira mundial saqueia o Brasil, inclusive através da dívida pública, inflada pela capitalização de juros absurdos, mesmo gerando,  com só eles, gastos inúteis da ordem de R$ 350 bilhões anuais.

2. Assim, são sugados recursos tributários, que deixam de ser aplicados em investimentos produtivos, serviços públicos e infra-estrutura física e social. Para aumentar as verbas destinadas aos juros da dívida, os governos títeres têm confiscado  poupanças dos brasileiros, através de emendas constitucionais,  como a da DRU (desvinculação das receitas da União), que permite desviar, para o serviço da dívida, recursos da seguridade social.

3. Em especial, os contribuintes do INSS - assalariados, autônomos e empresários -  têm sido espoliados  pelas  “reformas” da previdência  de FHC e Lula, aprovadas no Congresso por meios nada democráticos.

4. O  “fator previdenciário”, na realidade calote previdenciário, reduz os proventos de aposentadoria em percentuais maiores para quem começou a trabalhar com menos idade.

5. Um interlocutor informou-me que, tendo contribuído sobre dez salários mínimos, perde, por conta do tal “fator”, 37,5% de seu provento, que caiu para três salários mínimos,  também por causa da falta de atualização monetária  da tabela do imposto de renda.

6. Essa, conforme  estudos técnicos, ficou 62% abaixo do que deveria, se fosse aplicado o índice de variação do IPCA de 1996 a 2013. Assim,    em 1996, o  IR incidia só em salários acima de 8 mínimos, enquanto que, em 2013, recaiu sobre quem ganha R$ 1.710,78: menos de 3 salários mínimos.

Estado e política financeira

7. Há anos, a mídia ocidental “prevê” o estouro de bolha imobiliária e financeira na China, o que anima os que esperam o fim da arrancada de desenvolvimento desse país  e que ele deixe de equilibrar a balança de poder em face dos EUA.

8. Em recente artigo na britânica BBC, informa-se que, nos últimos anos, a China construiu um novo arranha-céu a cada cinco dias, mais de 30 aeroportos, sistemas de metrô em 25 cidades, as três pontes mais extensas do mundo, mais de 9,6 mil quilômetros de rodovias, de alta velocidade, e empreendimentos imobiliários comerciais e residenciais em grande escala.

9. Então, lembra que  as expansões econômicas sempre terminaram em crises, ignorando que isso pode não valer em países não dominados pela oligarquia financeira. 

10. Na China o Estado detém grande poder, independente das centenas de bilionários e milhares de milionários  cuja existência propiciou nos últimos 
37 anos, e os controladores do Estado não chegam a essa posição por eleições movidas a dinheiro e pela mídia. 

11. As crises e colapsos financeiros podem ser evitados, porquanto  dívidas podem ser reduzidas, refinanciadas e canceladas, exceto se os credores tiverem poder para não permiti-lo, ainda que isso signifique a derrocada da economia.

12. Dinheiro e crédito podem ser criados à vontade, como os EUA fazem com o dólar, e não só em proveito dos bancos,  ao contrário do que  lá se faz.

13. A  oligarquia, do Ocidente prefere a depressão ao saneamento da economia. Confiscou haveres de milhões de devedores, em lugar de deixar falir os bancos que haviam  elevado, através de fraudes, as dívidas dos clientes e obtido lucros imensos, criando centenas de bilhões de dólares em novos títulos “lastreados” em títulos nada seguros.

14.  Salvos pelo FED e pelo BCE (banco central europeu) , os  bancos não financiam atividades produtivas, porque a economia está estagnada, e a demanda fraca. Aplicam o dinheiro em novas especulações e emprestam aos Tesouros, endividados para ajudá-los.

15.  Foi normal que o crescimento econômico da  China se desacelerasse, após 30 anos com taxas em média superior a 10% aa. Mas não entrou em recessão mesmo com a queda na demanda por importações das economias ocidentais. 

16. A China pode fazer ocupar a enorme área de apartamentos e espaços comerciais construída. Se a política econômica não é escrava das finanças “ortodoxas”, não há problema em financiar  locatários ou adquirentes, mormente se os salários e a produtividade seguem em alta.

17.  O próprio regresso de milhões de pessoas para áreas rurais pode ser administrado, dada a boa infra-estrutura de transportes,  fomentando a produção agrícola descentralizada, em interação com as áreas urbanas.

O Estado no Brasil

18. Diferentemente da facilidade, por decreto, com que se podem arrumar as finanças, precisa-se de decênios e muita qualidade estratégica para reparar os estragos na economia real decorrentes da depressão econômica (deterioração da infra-estrutura e do capital humano, como nos ocidentais desenvolvidos) e os danos do subdesenvolvimento, caso do Brasil, que, desde 1954, entrega seu mercado às transnacionais.

19. Para começar, o País tem de deixar de ser escravo das finanças. Além disso, o  desenvolvimento econômico só é viável, se também for social: se  o Estado impedir a concentração econômica.

20. Há que incorporar capital e tecnologia do próprio País ao processo produtivo, tanto nos bens e serviços de consumo e de uso individual, como nos coletivos: energia, transportes, comunicações, saneamento, saúde, educação, cultura e informação.

21. Fundamental que essa acumulação seja bem distribuída, com mercados em competição, salvo em setores de monopólio natural, caso em que tem de ser estatal. Em suma, sem distribuição do poder econômico, não haverá a do poder social.

22. Nos países desenvolvidos, o Estado teve ação decisiva, depois negada na história reescrita ao gosto da oligarquia capitalista, que se fortaleceu com a concentração e subordinou a economia de mercado.

23.  Surgiram, assim,  teorias e políticas conducentes a reduzir o papel do Estado e sua função de agente do desenvolvimento, privatizar estatais, eliminar políticas de bem-estar,  desregulamentar as finanças, a indústria, etc., mas privilegiando a produção de armamentos.

24.  O Brasil não chegou ao desenvolvimento, porque teve sua economia desnacionalizada, após os golpes de Estado determinados pela geopolítica das potências imperiais.

25. O governo instalado pelo golpe de 1954 doou o mercado às empresas transnacionais (ETNs), e lhes deu subsídios inimagináveis:  a) permitir às ETNs importar bens de capital usados, de há muito amortizados com as vendas dos seus produtos no exterior; b) atribuir a essas importações valores significativos; c) permitir seu registro como investimento estrangeiro; d) converter  essas quantias em moeda nacional, à taxa livre de câmbio (cuja cotação equivalia ao dobro da taxa preferencial; e) converter os enormes ganhos à taxa preferencial, nas remessas às matrizes.

26.  Esses favores foram mantidos e ampliados por Juscelino Kubitschek, ao final de cujo quinquênio (1956-1960), o País teve a primeira crise de dívida externa, desde os anos 30, tendo Vargas praticamente reduzido a dívida a zero em 1943.

27. O primeiro governo militar (1964-1967) diminuiu o investimento público e tornou proibitivo o crédito  empresas nacionais, fazendo falir grande número destas.
28. Debilitadas e excluídas do mercado as empresas nacionais, não há como desenvolver no País tecnologias, que só florescem em empresas que  produzem bens para o mercado.

29.  Os governos militares seguintes obtiveram altas taxas de crescimento sob o mesmo modelo de dependência financeira e tecnológica: a dívida externa cresceu aceleradamente, devido aos déficits de transações correntes causados por:  remessas de lucros das ETNs, inclusive  como despesas; subfaturamento de exportações; superfaturamento de importações, inclusive de equipamentos e insumos (usinas em pacotes tecnológicos fechados) para obras públicas e setores básicos, em concorrências com especificações desenhadas pelo Banco Mundial, em favor de grandes transnacionais.

30.  O crescimento exponencial da dívida externa culminou na inadimplência em 1982, tornando o País refém do garrote externo e da dívida interna, em progressão galopante impulsionada pelas taxas de juros mais altas do mundo.

31. Desde a Constituição de 1988, com a introdução fraudulenta, no § 3º inciso II do  art. 166, de dispositivo que privilegia o serviço da dívida,  a União gastou, em valores atualizados, R$ 10 trilhões, sangria que se soma às demais decorrentes da desnacionalização e da concentração.

32. Outro desastre flui do art. 164, que nega ao Tesouro competência para emitir moeda e a atribui ao Banco Central, e este só pode financiar  bancos, que se locupletam com as brutais taxas de juros  dos títulos do Tesouro.

33. Desde os anos 80: queda nos investimentos públicos, intensificação da desnacionalização e políticas cada vez mais favoráveis aos  grupos concentradores; a partir de Collor (1991), enxurrada de emendas  constitucionais e leis contrárias aos interesses nacionais e as corruptas privatizações sob FHC,  mantidas e ampliadas pelos governos do PT.

34.  A administração pública foi desestruturada, e a normatização e a gestão de energia, petróleo, águas e tudo mais entregues a agências dirigidas por gente ligada a  interesses que não os nacionais.

35.  Portos, aeroportos e estradas têm sido objeto de novas concessões a grupos privados,  sem obrigação de fazer melhorias, nem de mantê-los adequadamente, mas com direito a arrecadar tarifas.

36. Nas PPPs (parcerias público-privadas) os investimentos de infraestrutura são  financiados,  a juros favorecidos, por bancos oficiais, e realizados e geridos por grupos privados, com lucros garantidos e risco coberto pelo Estado.

37. Com a lei 9.478/1997, transnacionais  exportam petróleo, pagando  royalties em percentual muitíssimo inferior à media dos vigentes em países sem estatais com a tecnologia da Petrobrás.  A demissão do Estado culminou com o leilão do pré-sal.

38. De JK ao presente, a infraestrutura de transportes visa só a propiciar ganhos às ETNs automotivas. As grandes cidades carecem de linhas de metrô suficientes. São Paulo tem cinco vezes menos kms. de linhas que Shanghai.  Tampouco se investiu correta e suficientemente em vias fluviais, canais e eclusas, navegação de cabotagem e ferrovias.

40. As políticas de energia e de telecomunicações são coleções de absurdos em favor de beneficiários das privatizações.  A biomassa - que deveria ser a primeira das fontes de energia, ao lado das hidroelétricas -  é não só preterida, mas boicotada. 

41. Mais: o  Estado subsidia escolas e instituições de “saúde” privadas, através de  bolsas, enquanto negligencia a quantidade e qualidade das escolas e das instituições de saúde, públicas.

* - Adriano Benayon é doutor em economia e autor do livro Globalização versus Desenvolvimento.