quarta-feira, 24 de abril de 2013

CONVITE DO GRUPO DE ECONOMIA DA INFRAESTRUTURA & SOLUÇÕES AMBIENTAIS COM O COORDENADOR DE INFRAESTRUTURA E ENERGIA DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA, LUIS FELIPE VALERIM



De: Gesner Oliveira [mailto:gesner.oliveira@fgv.br]
Enviada em: quarta-feira, 24 de abril de 2013 16:33
Para: jccascaes@onda.com.br
Assunto: CONVITE DO GRUPO DE ECONOMIA DA INFRAESTRUTURA & SOLUÇÕES AMBIENTAIS COM O COORDENADOR DE INFRAESTRUTURA E ENERGIA DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA, LUIS FELIPE VALERIM


Prezado(a) ,
Gostaria de reiterar o convite para a próxima sessão do Grupo de Economia da Infraestrutura & Soluções Ambientais, na qual teremos a honra e satisfação de contar com a participação do Dr. Luís Felipe Valerim Pinheiro, Coordenador de Infraestrutura e Energia da SAJ/Presidência da República, para discutir: “O novo marco regulatório dos portos”.
O encontro será fundamental para discutir as demandas propostas pelo Congresso na MP 595/12, que deve ser votada até o mês de maio.
Data: 25/04/2013
Horário: das 17h às 18:30h
Local: Fundação Getúlio Vargas – Rua Itapeva, 432 – 6º andar – sala 605
Favor responder este e-mail com confirmação de participação e nome completo e nº do RG, para ser inserido na lista de presença. Sinta-se à vontade para convidar outras pessoas que possam ter interesse no tema.
Atenciosamente,
Gesner Oliveira
Sobre o Grupo de Economia da Infraestrutura & Soluções Ambientais.
O objetivo do grupo de estudos é discutir mensalmente temas regulatórios e concorrenciais e também temas ligados ao saneamento ambiental e à energia, incluindo água e esgoto, resíduos urbanos e industriais, drenagem e soluções ambientais. As reuniões têm abordagem multidisciplinar, contando com a participação de profissionais e pesquisadores de diversas formações.  


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Vocação ou simples profissão, a ética do trabalho



Quando comecei a trabalhar na Copel em 1968 um aspecto comportamental que mexia com a gente era a forma apaixonada com que muitos de seus profissionais trabalhavam, para alguns a empresa era sagrada e se dedicavam a ela de corpo e alma.
O tempo passou e os sindicatos e a cultura de conflito importada fez efeito. O mercantilismo profissional dominou muita gente, agora armada de bandeiras ideológicas e até religiosas.
Todos reclamam do custo Brasil.
Patriotismo? Só na atitude dos outros. As greves e pretensões salariais e os privilégios só crescem, independentemente do que fazem para sobreviver num país ainda sem os conflitos radicais que marcam muitos outros. Temos ONGs, seitas e fanatismos em fermentação. Viver num país pacífico já desaparece nos modismos criminosos importados e no império de diversas espécies de máfias. Umas já dando tiros, outras deixando o nosso povo revoltado com a corrupção e desprezo pela sorte dos mais fracos.
As campanhas a favor do Poder Judiciário e do Ministério Público estão fortes, farão diferença ou criarão mais alguns grupos de altíssimos salários em relação ao que fazem?
Naturalmente é muito perigoso questionar instituições que são essenciais, com espadas, áureas e auréolas, mas precisamos dizer a verdade, funcionam corretamente?
O fenômeno Joaquim Barbosa abre um rombo na escuridão do Poder Judiciário, um trabalho iniciado pela corajosíssima Dra. Eliana Calmon, ex-presidente do CNJ.
Na Engenharia e outras profissões precisamos de lideranças semelhantes; códigos de ética profissional, por mais emocionantes que sejam, servem, via de regra, para emoldurar paredes. O mercantilismo atingiu em cheio atividades que já foram respeitadas.
Talvez o grande equívoco esteja nos exames vestibulares. Mede-se conhecimento formal e alguma inteligência; perdemos os exames vocacionais, até pela divulgação de suas estratégias e os famosos treinamentos para entrar numa faculdade. Talvez devêssemos exigir estágios probatórios nos piores lugares possíveis para termos certeza de que os novos trabalhadores diplomados realmente gostem de fazer o que seus certificados autorizam.
Gênios devem trabalhar em laboratórios, nunca em áreas operacionais.
Um exemplo trágico pode-se ver em greves absurdas contra o povo, matando e causando problemas imensos com discursos mentirosos em relação às motivações reais. É até divertido ouvir lideranças de bancos estatais dizerem que estão em greve contra os banqueiros...
Nossa Presidente tem agido com firmeza, nem sempre apoiada por um Parlamento sempre sensível a questões demagógicas. O evento mais recente é a revisão operacional e estrutural dos portos estatais; finalmente um gargalo deverá ser alargado (Brasília), com certeza sob fortes pressões desde os tempos do café maravilha.
Para resumir, devemos retomar os concursos vocacionais e seus testes durante a carreira. Não podemos ser objeto de simples mercadores escudados por diplomas frequentemente pagos pelo contribuinte. O desafio, com certeza, é descobrir uma forma de identificar os profissionais alienados e irresponsáveis, não merecem seus diplomas e postos de trabalho.

Cascaes
24.4.2013
Brasília, V. E. (s.d.). Dilma define pacote para portos e investimento deve beirar R$ 40 bi. Fonte: CODEBA: http://www.codeba.com.br/eficiente/sites/portalcodeba/pt-br/site.php?secao=mais_noticias&pub=2644




domingo, 21 de abril de 2013

Desnacionalização galopante

De: Adriano Benayon Enviada em: quarta-feira, 17 de abril de 2013 19:47 Para: ' Assunto: desnacionalização galopante Desnacionalização galopante Adriano Benayon * - 15.04.2013 01. Em artigo recente, assinalei que, no Brasil, os déficits nas transações correntes com o exterior se vêm avolumando. Somaram US$ 204,1 bilhões de 2008 a 2012 (US$ 54,2 bilhões só em 2012). 02. Em janeiro/fevereiro de 2013 houve espantosa aceleração: US$ 18 bilhões, ou seja, 83% a mais que no mesmo período de 2012. 03. Escrevi naquele artigo: “os déficits fazem acelerar ainda mais a desnacionalização e o endividamento.” E citei Carlos Lopes (HP 24.01.2013): “de 2004 a 2011, foram desnacionalizadas 1.296 empresas brasileiras, e as remessas oficiais de lucros ao exterior montaram a US$ 405 bilhões.” As remessas de lucros disfarçadas em outras contas são um múltiplo disso. 04. A aquisição de empresas de capital nacional (desnacionalização em sentido estrito) é apenas uma parte dos “investimentos estrangeiros diretos (IEDs). Estes incluem a criação de novas subsidiárias ou entrada de capital nas já estabelecidas. Tudo isso é desnacionalização em sentido lato, implicando controle da economia brasileira por empresas estrangeiras. Boa parte dos IEDs vem de lucros obtidos no próprio País. 05. A desnacionalização é um processo cumulativo: cresce sempre, porque leva à transferência de recursos para o exterior, a qual causa os déficits nas transações correntes, e esses têm que ser cobertos por endividamento ou IEDs. 06. Os IEDs são considerados remédio para “equilibrar” o Balanço de Pagamentos – BP, mas, na realidade, agravam enormemente a doença: o desequilíbrio do BP, decorrente dos próprios IEDs. 07. Incrível, mas verdade: desde agosto de 1954, a desnacionalização foi promovida por governos do País. Mas não tão incrível, porque o foi por governos militares e civis, egressos de golpes militares sob direção estrangeira, ou de eleições comandadas pela pecúnia, no quadro de instituições políticas adrede constituídas. 08. Isso se deu por meio de cooptação e de corrupção e também por efeito da dependência cultural, formada através da mídia e de universidades, reforçada pelo deslumbramento diante dos requintes da “civilização” dos países imperiais e através da difusão das realizações destes, sem cogitar que muito de tais “maravilhas” resultou do saqueio das periferias. 09. O governo militar-udenista, egresso do golpe de 1954, regido por serviços secretos estrangeiros, instituiu vantagens absurdas em favor do capital estrangeiro, inauguradas com a Instrução 113 de 17.01.1955, da SUMOC (Superintendência da Moeda e do Crédito). 10. Essa Instrução propiciou às multinacionais importar máquinas e equipamentos usados, sem cobertura cambial, registrando o valor a eles atribuído pela multinacional, como investimento estrangeiro direto, em moeda. Nada menos que 1.545 licenças para esses “investimentos” foram concedidas pela Carteira de Comércio Exterior (CACEX), entre 1955 e 1963, mantidas e ampliadas que foram as vantagens no governo de JK. 11. Desse modo, os bens de capital entraram no Brasil, mais que amortizados com as vendas em vários mercados de dimensões, cada um dos quais dezenas de vezes maior que o brasileiro. 12. Em consequência, as promissoras indústrias de capital nacional, formadas na 1ª metade do Século XX, foram sendo dizimadas, impossível que era concorrer com grandes empresas transnacionais, ainda por cima operando no Brasil com capital e tecnologia a custo zero. 13. Assim, a Volkswagen apossou-se de mais de 50% do mercado de automóveis, com o Fusca, de tecnologia desenvolvida nos anos 30, produzido para o mercado europeu, vinte anos antes de o ser no Brasil. Ora, a amortização dos equipamentos ocorre em cerca de cinco anos. 14. A implantação da Fiat, nos anos 70, com recursos do governo de Minas e incentivos federais, é um dos exemplos escandalosos do modelo de dependência tecnológica, financeira e cultural prevalecente no Brasil. A “proeza” está sendo repetida, pois mais de 70% da nova fábrica da Fiat em Pernambuco é montada com dinheiro público. 15. Desde os anos 90 com Collor e FHC - ademais da desnacionalização efetuada através de privatizações, em que a União, em vez de receber, gastou centenas de bilhões de reais para entregar estatais de grande porte - a esbórnia entreguista tornou-se ainda mais desenfreada, com mais subsídios federais, estaduais e municipais concedidos às montadoras estrangeiras, como, de resto, a transnacionais de outros setores. 16. Deu-se devastadora guerra fiscal para atrair investimentos estrangeiros, na qual governadores entreguistas oferecem vantagens cada vez mais desmedidas, às custas dos contribuintes e da economia brasileira. 17. O engenheiro Glauco Arbix, da USP, em estudo de 2011, apontou que isso foi "puro desperdício de dinheiro público": nos EUA os incentivos para gerar um emprego seriam de US$ 4 mil, enquanto no Brasil chegaram, em média, a US$ 174,3 mil (sem contar os subsídios e benefícios fiscais federais). 18. Arbix verificou que a fábrica da Ford em Guaíba (RS), cujo projeto foi transferido para a Bahia, sairia para Estado e município por US$ 180,3 mil por emprego dos 1.500 previstos. O Rio Grande do Sul, entretanto, concedeu incentivos de US$ 174,3 mil por emprego nos 1.300 da fábrica da General Motors em Gravataí. Na Mercedes, em Juiz de Fora (MG), Estado e município investiram US$ 152 mil por emprego. 19. Até os anos 80, o capital estrangeiro predominou no setor industrial, além do comércio exterior. Depois, estendeu-se nos serviços privados e públicos e no setor financeiro. Tornou-se dominante na mineração, tem adquirido grande parte do setor sucroalcooleiro e penetrou na agricultura, condenando seu futuro, ao introduzir as sementes transgênicas e os agrotóxicos complementares. 20. Além dos subsídios fiscais e outros, nos últimos anos, os bancos públicos elevaram seu financiamento aos concentradores e transnacionais. Empreiteiras, grupos siderúrgicos, processadores de alimentos, agronegócio e até bancos estrangeiros têm sido subsidiados pelos juros favorecidos nos empréstimos do BNDES. 21. Mauro Santayana assinala que quem está colocando o dinheiro somos nós mesmos. Diz em resumo: “A Telefónica da Espanha recebeu do BNDES mais de 4 bilhões de reais em financiamento nos últimos anos e mandou mais de 1,6 bilhão de dólares para seus acionistas espanhóis, que controlam 75% da Vivo, nos sete primeiros meses do ano passado.” “A OI, que também recebeu dinheiro do BNDES, emprestado, e era a última esperança de termos um "player" de capital majoritariamente nacional, corre o risco de se tornar portuguesa, com a entrega de seu controle à Portugal Telecom ...” 22. Evaristo Almeida aponta que, desde a privatização do sistema Telebrás, em 1998, as empresas tiveram receita de dois trilhões de reais e dizem ter investido só 390 bilhões, grande parte dos quais financiados pelo BNDES “a juros de mãe amorosa”. 23. Santayana anota: “Empresas estatais estrangeiras, como a francesa ADP (Aeroportos de Paris) ou a DNCS, que montará os submarinos comprados à França, pertencem a consórcios financiados com dinheiro público brasileiro. Esse será também emprestado às multinacionais que vierem participar das concessões de rodovias (com cinco anos de carência para começar a pagar) e de ferrovias, incluindo o trem-bala Rio-São Paulo.” “A Caixa Econômica Federal, adquiriu, por sete mil reais, em julho, pequena empresa de informática e depois nela se associou minoritariamente à IBM. No mês seguinte celebrou com a IBM, sem licitação, contrato de mais de um bilhão e meio de reais ...” 24. O esquema das PPPs (parcerias público-privadas) faz que o poder público banque investimentos que se transformam em patrimônio privado, tanto das empresas privadas, inclusive as privatizadas, como das que estão sendo objeto de novas privatizações, rotuladas pelo nome de concessões. Quase sempre privatização implica desnacionalização. 25. Os portos são objeto da recente medida provisória (MP 595), a qual, segundo o Senador Roberto Requião, inventa novo marco regulatório inexistente em qualquer lugar do mundo e provocará enfraquecimento e quebras dos portos públicos, entregando seu controle a armadores transnacionais. 26. Além disso, o Estado terá de arcar com a infra-estrutura de transportes até os portos, de acordo com as exigências destes, e as obras portuárias serão realizadas por empresas privadas contratadas mediante licitação. O Estado esbanja capital para privatizar, embora digam que a ele falta capital e por isso precisaria privatizar. 27. Ao mesmo tempo, o Estado incrementa as renúncias fiscais, mas só em favor de concentradores e transnacionais, jamais de contribuintes comuns. Dilma prorrogou, até o fim do ano, a isenção de IPI para automóveis e caminhões. 28. Já liberou 67 setores da contribuição previdenciária de 20% sobre a folha de pagamento, substituída pelo recolhimento de 1% a 2% do faturamento. O setor automotivo e o da linha branca já se beneficiavam disso, e a presidente incluiu na lista (MP 612): serviços aeroportuários; transporte aéreo de passageiros; transporte metroviário; engenharia e arquitetura; construtoras de obras de infraestrutura; transportes marítimos e rodoviários de cargas. 29. Governadores e prefeitos entreguistas, com aval do governo federal, têm projetos de privatizar a água e o saneamento. As grandes transnacionais do setor prometem investir, mas, em geral, só o fazem na água, pois o investimento é menor e os lucros maiores. Esse bem estratégico passa a ser explorado em função dos lucros e sem cuidado com preservação e qualidade. 30. Até mesmo o petróleo - que, em todo país soberano, tem de estar sob controle nacional - está sendo entregado às companhias estrangeiras. Desde a campanha do “petróleo é nosso” e a criação da Petrobrás, em 1953, o monopólio estatal ficou intocado, enquanto a Nação manteve algum resquício de independência, até ter ele sido derrogado, de fato, por FHC, com a Lei 9.478, de 1997. 31. Como alertam os engenheiros Paulo Metri e Ricardo Maranhão, o Brasil sofrerá perda colossal no leilão que a Agência Nacional do Petróleo marcou para 14/15.05.2013. Poderão ser arrematadas áreas totalizando de 20 a 30 bilhões de barris, ou seja, de 1,8 a 2,7 trilhões dólares aos preços atuais. 32. Os royalties determinados pela legislação são de 10% do valor da produção, e as transnacionais ficam donas do petróleo, podendo exportá-lo sem qualquer limitação, como atender prioritariamente as necessidades internas ou restringir a exploração por razões de estratégia política ou econômica. 33. Os royalties são baixíssimos, e o Brasil se coloca, assim, em situação rebaixada não só em relação aos países soberanos - cujas companhias exploram o petróleo - mas até em relação a pequenos países, protetorados das potências hegemônicas desprovidos de tecnologia de exploração, os quais obtêm royalties muito acima daquele percentual. 34. A grande mídia, sempre a serviço da oligarquia imperial, faz intensa campanha sobre fracassos e dificuldades da Petrobrás, visando evitar que ela, como em leilões passados, arremate o grosso das áreas. A Petrobrás descobriu as jazidas, verdadeiro bilhete premiado para as transnacionais, propiciado pela Agência Nacional de Petróleo, constituída, desde sua fundação, para favorecê-las. Não estão ainda em pauta áreas do pré-sal, para as quais vige a lei 12.351/2010, que tampouco preserva os interesses do País. 34. Fomentada que é a ignorância quanto a tudo que seja de grande interesse nacional, o que suscitou intensa polêmica política foi o repasse dos royalties para Estados e municípios, uma bagatela diante do que o Brasil está perdendo. 35. Tão estúpida, ou desonesta, é a atitude de governadores e parlamentares, que nem falam em revogar a Lei Kandir, o que lhes proporcionaria mais que o dobro das receitas dos royalties, em disputa das quais se engalfinham. Essa lei isenta as exportações do ICMS. * - Adriano Benayon é doutor em economia e autor do livro Globalização versus Desenvolvimento.

domingo, 14 de abril de 2013

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Perguntas esquecidas




De: fomus@googlegroups.com [mailto:fomus@googlegroups.com] Em nome de andre lima
Enviada em: terça-feira, 9 de abril de 2013 22:18
Para: fomus@googlegroups.com
Assunto: [FoMUS] Audiência Pública virtual com "defeito" no chat on-line.

Amigas(os):
Ontem (08.04.13), houve audiência pública do orçamento municipal de 2014. O tema foi Mobilidade Urbana. Participamos remotamente pelo site da prefeitura e tentamos obter respostas para alguns questionamentos, mas infelizmente nossas perguntas sequer foram publicadas no chat on line. As perguntas que a prefeitura publicou no chat foram em grande parte elogios a administração e ao prefeito, perguntas sobre pavimentação de ruas e ciclovias. 
Certamente nossos questionamentos requerem tempo para a resposta, mas ficamos curiosos para saber por que não houve a publicação no chat on-line. Ficou a impressão de que a internet pode enriquecer ou empobrecer debates pretensamente democráticos.
De qualquer maneira, publicamos algumas perguntas importantes que o prefeito, se tiver interesse, pode responder no próprio blog da Sociedad Peatonal, na seção de comentários:

André Caon Lima

terça-feira, 9 de abril de 2013

Tomate caro


Os especuladores (políticos, banqueiros, atravessadores etc.) adoram a inflação
Em minha infância, tendo pais extremamente trabalhadores e responsáveis, passei anos ouvindo deles o que estava na hora de consumir, quanto e de que jeito. O preço era alto? Não comprávamos, não consumíamos. Minha mãe era especialista em descobrir alternativas e tinha, inclusive, o cuidado de fazer “conservas” de frutas quando elas estavam sobrando na feira. Não que fôssemos de família pobre, o pai do meu pai podia ajudar seu filho, que, entretanto, era extremamente brioso.
Nosso povo de Santa Catarina à época, gente trabalhadora, lia na Revista O Cruzeiro as mazelas da capital do Brasil, onde todos davam a impressão de quererem explorar quem produzia. Era fácil, em terra de burocratas enxada é ofensa.
Agora o tomate virou notícia. Num período de violências climáticas naturalmente a produção hortigranjeira sofre e perde volume. Os agricultores e mais ainda os atravessadores aproveitam essas oportunidades, pessimamente vigiadas. Quem produz procura compensar prejuízos e talvez ganhar um pouco mais, os demais merecem fiscalização para se evitar abusos.
A inflação veio, voltou graças ao desperdício e incompetência dos planejadores e gerentes de nosso Brasil varonil e pouco racional. Continuamos com fragilidades estruturais enormes, até o risco de um racionamento de energia elétrica assombra o nosso futuro próximo.
Carecemos de lucidez democrática, o que transforma a Copa do Mundo em prioridade capaz até de forçar mudanças em leis sagradas. Um campeonato para quem pode pagar caro é mais importante que a construção e manutenção de escolas, hospitais, creches, estradas, centrais de energia, portos etc. Ou seja, a viabilização do Brasil entrou para segundo plano. Viva, contudo, vai que o Brasil ganha a Copa!
A inflação existe, e as reformas tributárias?
A burocracia absurda e o tratamento ofensivo e humilhante do micro e pequeno empreendedor vão continuar assim até quando? Viva, criaram mais uma repartição em Brasília para tratar disso. Será que nessa capital distante e modernosa entendem disso?
Enquanto estados e municípios dependerem de decisões em nossa Versalhes futurista, onde os eleitos para a Corte se sentem seguros para fazer valer interesses impublicáveis, continuaremos a ser o que somos, parvos pagadores de impostos.
A ignorância no Brasil é tão grande que insistimos na Expressão imprecisa, errada e demagógica: “o governo Paga”.
E o tomate?
Precisamos comer tomates? Com certeza o Brasil, terra fértil e de muitos climas deve ter opções. Precisamos nos alimentar, mas de que jeito? O que os povos mais desenvolvidos aprenderam a duras penas, desenvolver cardápios adequados ao que é possível de ser feito, passa longe de nossa classe média cada vez mais exigente.
Talvez no Brasil a herança dos tempos da antropofagia tenha criado comportamentos camuflados; acreditamos que o certo é matar e jantar (ou, e almoçar) os derrotados. Culturas predadoras dominaram nossas terras até os tempos de atuais. Talvez um dia aprendamos a valorizar mais as melhores civilizações, mais maduras (olha aí o “politicamente incorreto”), em vez de se endeusar hábitos e folias improdutivos.
Poderemos ter tomates em abundância a partir de incentivos que hoje pobres (e ricos) gigantes da economia no Brasil recebem do BNDES e da cultura dos “incentivos fiscais”. Até licença para explorar aposentados é moeda de troca de interesses (vide direito de intermediar contratos de “crédito consignado”).
Ainda vai demorar muito até chegarmos de novo à lógica da desburocratização, afinal, de que maneira os partidos de plantão no comando vão garantir segundos a mais de telinha pagos pelo contribuinte? Se as coisas apertarem teremos mais uma dúzia de ministérios, secretarias, repartições públicas às centenas etc. para garantir vitórias políticas.
Afinal a santa ignorância funcional ainda é enorme no Brasil.
Dessa maneira, considerando até nossa vontade de reagir, não podemos nem jogar tomates nos maus políticos...

Cascaes
9.4.2013

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Proposta de conceito - Síndrome "Ponte sobre o Rio Kwai"


Síndrome[i] “Ponte sobre o Rio Kwai”
Da Wikipédia temos: “Síndrome, sm ou sf,[1] (palavra originada do grego antigo συνδρομή, συν+δρόμος significando "con+correr"), também chamado sindroma ou síndroma[2] ou ainda síndromo[3] é um conjunto de sinais e sintomas que define as manifestações clínicas de uma ou várias doenças, independentemente da etiologia que as diferencia.” 
Na Engenharia, Arquitetura e Urbanismo podemos ver algo semelhante a uma síndrome tão perniciosa quanto esta (Ponte sobre o Rio Kwai), talvez somada a outras endemias comportamentais que atrapalham a vida dos brasileiros..
Neste filme, entre outras coisas, vemos uma quase confraternização entre engenheiros e técnicos com seus captores (síndrome de Estocolmo?). Assim sentimos quando colegas de profissão vendem lealdades em prejuízo de suas profissões.
O conservadorismo técnico tem muito a ver com o que podemos aprender no filme (A Ponte do Rio Kwai). Prisioneiros de guerra em um campo de concentração japonês acabam querendo e fazendo uma ponte que os japoneses não conseguiam. Tinha como finalidade a passagem de trens carregados de soldados e armas do inimigo dos ingleses na Segunda Guerra Mundial. O comandante dos prisioneiros apaixonou-se pela obra que administrou e acabou morrendo em luta contra um comando aliado enviado para destruí-la. O filme é o retrato perfeito de muitas situações profissionais, quando funcionários acabam fazendo o que o chefe manda a contragosto, mas que o tempo tornará A OBRA OU SERVIÇO DE VALOR MIDIÁTICO. ASSIM, APÓS ALGUM TEMPO, QUEM DEVERIA DENUNCIAR OS EQUÍVOCOS PASSARÁ A DEFENDÊ-LOS, APAIXONADO PELO TRABALHO QUE COMANDOU.
Evidentemente não temos diploma nem registro em alguma corporação médica, psiquiátrica, psicológica ou qualquer coisa parecida que nos autorize a estabelecer conceitos comportamentais, mas é uma tentação irresistível observando o que chamam de preservar o passado justificando a sustentação de soluções agora facilmente percebidas como equivocadas.
Em Curitiba a teimosia em manter calçadas intransitáveis é até criminosa enquanto em alguns setores nacionais vemos o desastre da radicalização de conceitos neoliberais no setor energético (Atrasos em série dobram o risco de racionamento), assim como o compadrismo político que herdamos sabe-se lá de quem é uma avenida a favor da corrupção e nomeação de pessoas incompetentes.
O que sentimos é o desprezo da otimização sob critérios de Engenharia, Sociologia, Direitos Humanos e respeito ao povo. Esse comportamento é causa de desgraças e tragédias, para quê? Para dizer que imitamos bem a cidade de Lisboa?
Felizmente os engenheiros estão sendo acordados pela força da mídia, que não cansa de mostrar erros absurdos e até a irresponsabilidade de projetos eleitoreiros e caríssimos (Romário cobra explicações da Fifa e CBF).
Somando tudo, demagogia, vontade de agradar turista que adora voltar para sua terra e sentir que somos atrasados (eles superiores a nós atrasados (folclóricos)) e a má Engenharia encontramos um cenário desolador. Dependemos demais de novas gerações de profissionais, mais responsáveis e melhor preparados, o que incomoda é pensar em quanto tempo e quantas tragédias serão necessárias até que mudanças reais aconteçam, principalmente na valorização da boa Engenharia.

Cascaes
7.4.2013
08/04, O. G. (s.d.). Atrasos em série dobram o risco de racionamento. Fonte: ILUMINA: http://www.ilumina.org.br/zpublisher/materias/Noticias_Comentadas.asp?id=20115
Loddi, S. (s.d.). A Ponte do Rio Kwai. Fonte: Instituto CAROS OUVINTES de Estudos de Mídia: http://www.carosouvintes.org.br/blog/?p=26128
Romário cobra explicações da Fifa e CBF. (s.d.). Fonte: YOUTUBE: http://www.youtube.com/watch?v=CgQju-rMcKs&feature=related



[i] ...Os síndromes usualmente são denominados pelo nome do médico ou cientista que primeiro os descreveu (por exemplo Síndrome de Down). Outras vezes (mais raramente) recebe o nome do paciente no qual foi diagnosticado pela primeira vez, ou ainda em referência à poesia, geografia ou história, como o síndrome de Estocolmo, em referência ao assalto de Norrmalmstorg do Kreditbanken em Norrmalmstorg, Estocolmo de 23 a 28 de Agosto de 1973. (Wikipédia)

segunda-feira, 1 de abril de 2013

O modelo dependente é incurável


Tenho o prazer de enviar artigo.

Cordialmente,

AB

     O modelo dependente é incurável

Adriano Benayon * - 25.03.2013

1. O percentual no PIB dos investimentos na produção e na infra-estrutura física e social está em patamar muito baixo na comparação com os países em que a indústria é basicamente nacional. Isso ocorre desde os  anos 70, quando já se deveria ter entendido que o modelo dependente é incompatível com o desenvolvimento.

2. Embora o crescimento natural da população tenha sido contido, devido à intervenção de fundações norte-americanas, a produção é de longe insuficiente para assegurar sequer tolerável  qualidade de vida à esmagadora maioria dos brasileiros. Ademais, a produção e a infra-estrutura são orientadas em função de interesses estrangeiros.

3. O modelo dependente gerou enorme endividamento, cujo serviço asfixia a economia brasileira. De há muito, a taxa de investimento do Brasil corresponde a cerca de metade das da China, Coreia, Taiwan e outros.

4. Houve  um processo cumulativo de desnacionalização e de concentração econômica, determinantes de crescente ascendência das transnacionais sobre o “poder público”, criando  instituições e mentalidade que levam a brutal desperdício dos recursos investidos.

5. Por isso não só se investe pouco, mas se investe mal, em todos os sentidos: na escolha de em que investir e no modo de realizar os investimentos.

6. Enquanto o Titanic afunda, economistas prosseguem fazendo propostas tópicas, sem perceber – ou fingindo não perceber – que nenhuma delas resolve coisa alguma enquanto perdurar o modelo dependente.

7. Lembrando que, desde 1990, a renda per capita cresce a 1,7% ao ano  (4% entre 1930 e 1980)  e que a taxa de investimentos patina em torno de míseros 18% do PIB, Bresser Pereira propõe, como solução salvadora, reduzir substancialmente os juros e desvalorizar a taxa câmbio do real.

8. Essas medidas seriam em si benéficas. De fato, seis pontos percentuais na redução dos juros públicos, incidindo sobre a dívida interna de 3 trilhões de reais,  liberariam recursos para investimentos de infra-estrutura e produtivos de R$ 180 bilhões anuais (4% do PIB).
9. Vantagem adicional decorreria da baixa dos juros pagos pelas empresas produtivas e por pessoas físicas, diminuindo custos e elevando renda. Ademais, é  infundada a ideia, amplamente disseminada, de que juros altos detêm a inflação.
10. A queda dos juros induziria, ainda, a desvalorização cambial,  já que, eliminado o grande diferencial entre as taxas reais de juros internas e as taxas deprimidas dos EUA, Europa etc., cessaria o grande afluxo financeiro  que vem “equilibrando” o balanço de pagamentos (BP).
11. Entretanto, sem essa entrada de capitais, sem grandes investimentos diretos estrangeiros e aquisições de empresas nacionais, o elevado déficit de transações correntes se traduziria em déficit no BP. Desencadear-se-ia  fuga de capitais estrangeiros (dos quais uma parte é de brasileiros com depósitos no exterior).
12. Isso faria o real desvalorizar-se muito além do desejável e acelerar a inflação, pois o País está mais dependente, que no passado, de importações de bens de capital, insumos e bens finais.
13. É evidente, pois, que não seria viável reduzir significativamente os juros,  sem instituir rigoroso controle de capitais e sem racionar de divisas, diferenciando importações essenciais das demais, seja com taxas múltiplas de câmbio, seja com elevados impostos para as importações menos essenciais e para as supérfluas.
14. Óbvio também que tudo isso só é viável se o governo tiver autoridade, poder e vontade de afrontar as regras da comunidade financeira (oligarquia da ordem mundial anglo-americana) instrumentadas através de seus cães de guarda, FMI,  Banco Mundial e  Organização Mundial do Comércio (OMC).
15. Além de ter autonomia em face dessas instâncias “internacionais”, teria o governo de, ou exercer efetivo controle sobre  bancos e  empresas oligopolistas, ou estatizá-los, já que, do contrário, represálias de uns e das outras  levariam à  desestabilizaçáo do governo, como de hábito, dirigida por  serviços secretos das potências imperiais.
16. Precisaria, ainda, elevar, inclusive qualitativamente, a produção e manter a inflação sob controle, e isso só seria possível  retirando dos oligopólios, na maioria de transnacionais, o domínio, sem concorrência, sobre os mercados e acabando com os abusos dos detentores dos serviços públicos privatizados e dados em concessões.
17. Ora, o que o atual Executivo federal está fazendo é o contrário de tudo isso, apoiado pelo Congresso, sempre entreguista. Não só mantêm-se as privatizações e as concessões, que já haviam deteriorado a qualidade e encarecido os preços da eletricidade e das telecomunicações, como se ampliam os privilégios dos grupos que os exploram. Além disso, o Estado prossegue fugindo a seus deveres, ao  entregar novas áreas, como aeroportos, portos e ferrovias.
18. O modelo é  outorgar a exploração dos serviços, oferecendo dinheiro público e financiamento, a juros mínimos, por bancos estatais, e garantir lucro elevado e sem risco aos beneficiários. 
19. Em requinte privatista, regado a dinheiro dos contribuintes, o governo planeja que o Tesouro e  o BNDES repassem recursos aos bancos privados para  emprestarem aos concessionários dos novos serviços privatizados.
20. Ou seja: mais negócios para os bancos lucrarem com dinheiro que não lhes pertence, acrescendo aos colossais fundos que já lhes são providos pelos depositantes (em dezembro, o governo reduziu em  mais R$ 15 bilhões, os  depósitos compulsórios dos bancos no Banco Central).
21. Lucro sem comparação em todo o mundo para grupos privados - garantido e  sem risco -  tudo bancado pelo Estado – é  como  o governo pretende promover o crescimento dos investimentos em infra-estrutura.  
22.  “Pretendem”  diminuir o famigerado “custo Brasil”, melhorando a competitividade da economia. Mas não atentam para:

a) custos artificialmente elevados pela contabilidade dos oligopólios;

b) o kafkiano e abstruso método usado para que as distribuidoras (privatizadas) da energia fiquem com o grosso dos ganhos decorrentes de preços altíssimos, sem nada terem investido na geração e na transmissão;

c) as restrições impostas por IBAMA, FUNAI, organizações estrangeiras e ONGs, e ministérios públicos federal e estaduais, a que hidrelétricas sejam construídas com integral aproveitamento do potencial hídrico;

d) a supressão das eclusas, cuja falta deixa de criar vias fluviais navegáveis, num País em que a infra-estrutura de transportes não poderia ser mais horrorosa;

e) a falta de adequados procedimentos de controle dos custos das obras e de concorrência que viabilize a participação de empresas de capital nacional de menor porte.

23. Por fim, não se consegue tornar o Brasil competitivo aplicando  vultosos recursos em pesquisa científica e tecnológica (previstos R$ 32,9 bilhões em 2013/2014), apregoando grande salto na inovação, porque esse dinheiro é dissipado enquanto não houver condições para que empreendimentos de capital nacional vinguem no mercado.

* - Adriano Benayon é doutor em economia e autor do livro Globalização versus Desenvolvimento.